Pensada originalmente como um termo astronômico por Nicolau
Copérnico, a palavra “revolução” apareceu pela primeira vez no campo político,
no decorrer do século XVII, a fim de designar o longo processo histórico
iniciado na Inglaterra, em 1640, com a Revolução Puritana, seguido pela
restauração monárquica de 1660 e concluído com a solução conciliadora da
Revolução Gloriosa, no ano de 1688.
Por meio dessas três fases, a Revolução Inglesa trouxe
consigo uma transformação sem precedentes na história da humanidade, liberando
as forças modernizadoras do modo de produção capitalista das entranhas de um
sistema feudal em decadência.
O processo revolucionário inglês apresenta-se, assim, como
um modelo de transição ao capitalismo industrial, primeiramente de forma
violenta, em 1640, logo depois, em 1688, de maneira conciliatória. Um processo
que, ao término de meio século de lutas entre monarquia e Parlamento, por meio
de uma solução monárquica constitucional, conseguiu criar a condição primordial
para o crescimento econômico de orientação capitalista: a estabilidade política
sob a nova direção de uma classe burguesa que tomou para si o poder estatal,
fortalecendo-o em suas relações internas com outras classes sociais e em suas
relações externas com outras nações.
Nesse contexto, realizando em termos práticos as orientações
da teoria política liberal, a burguesia consolidou seus valores fazendo uso de
uma monarquia limitada em seus poderes, isto é, o clássico mote do rei que
reina mas não governa, pois quem dava as cartas a partir de então era a
burguesia revolucionária.
E foi exatamente fundamentado no ideário liberal
recém-nascido que os revolucionários ingleses do século XVII apresentaram ao
mundo a primeira grande carta de direitos da modernidade – o Bill of Rights.
Por seu intermédio, a ideia de cidadania veio à tona,
associada ao entendimento de que os indivíduos deveriam ter seus direitos
garantidos e tutelados pelo Estado, sendo este responsável pela defesa e
proteção das liberdades civis dos cidadãos: liberdade de pensamento e
expressão, de ir e vir, religiosa, de propriedade etc.
Com isso, a Revolução Inglesa rompeu com a noção de que os
indivíduos tinham apenas deveres a prestar ao soberano, inaugurando uma
autêntica era dos direitos que seria devidamente ampliada em termos
universalizantes com as duas outras grandes revoluções políticas que lançaram
as bases da modernidade: a Francesa, de 1789, e a Americana, de 1776.
Por: Aysla Bianca
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